Ainda existe esperança

30 de novembro de 2003

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(Editorial originalmente publicado na edição 40, 11/2003)

Antigamente, até cerca de 30 ou 40 anos atrás, os conceitos de confiança, credibilidade, honestidade, caráter, ética e honra eram bem mais praticados e usuais do que hoje em dia.

Eram comuns naqueles tempos o  valor da palavra empenhada, que valia tanto ou mais que papel assinado. Dizia-se até que um pelo do bigode em garantia, representava tanto quanto um contrato. Lembro de meu velho pai predicando sobre esses conceitos e princípios, dizendo que caráter, honestidade, confiança e outras qualidades éticas e morais eram adquiridas no convívio da família, não sendo, portanto, encontradiços nas lojas, farmácias, padarias ou conciliábulos de políticos.

As falsetas, as promessas não cumpridas, os engodos e patranhas que hoje em dia são regra constantemente apregoadas, principalmente por políticos em campanhas eleitorais e inclusive, por homens de governo, – representa e implica no descrédito e aversão que o cidadão comum devota ao político falacioso, como ao governo desacreditado.

A campanha encetada nesta hora de crise moral e ética, pelo desembargador Marcus Faver ao assumir a Presidência do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, incentivando e aguilhoando os juizes eleitorais a se desdobrarem no trabalho e esforço na pregação do alistamento eleitoral, principalmente aos jovens de 16, 17 e 18 anos, que hoje representam menos de 25% da camada de jovens em condições de votar, lembrando em favor da sua tese, o entusiasmo da geração dos “caras pintadas”, que pela luta, arroubo e participação derrubaram um Presidente da República corrupto.

Por oportuno, face a demonstração de plena harmonia e entendimento encontrado entre os poderes da República, é de se ressaltar a iniciativa do presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Mauricio Correa, convidando o Presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, o Presidente do Congresso Nacional, Senador José Sarney, o Presidente da Câmara Federal, Deputado João Paulo Cunha, em busca do consenso na elaboração legislativa da Reforma do Poder Judiciário.

É hora dos homens de bem, sejam eles patrões ou empregados, juízes, advogados ou políticos, com intenções cívicas e patrióticas, governantes de respeito, caráter e ética pensarem e agirem em favor da população e se entenderem em beneficio da Nação, que aguarda esperançosa o porvir do amanhã.

Também é hora de pensar nos exemplos que nos foi legado por CERVANTES, na criação de D.QUIXOTE DE LA MANCHA, que na sua triste e dramática história, deixou para a posteridade há 400 anos, a lição e o simbolismo de fé inatingível, do amor puro, de pureza perfeita, de fidelidade aos princípios éticos e morais, e de perseverança, coragem, renúncia, dignidade e determinação.