Amigos que fazem o bem

14 de janeiro de 2015

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Dom-Quixote-RJC-173-1Que ninguém se escuse de fazer o bem, sob o pretexto de que È pequenino, pois cada qual algum recurso tem, para valorizar o seu destino! (…) O meu lema de vida assim descrevo: se n„o posso fazer tudo o que devo, devo, ao menos, fazer tudo o que posso! 

(Trecho do lema dos Amigos do Bem)

Tudo começou no Natal de 1993, quando Alcione de Albanesi, fundadora e presidente dos Amigos do Bem, reuniu algumas pessoas para fazer a primeira viagem ao sertão nordestino, levando alimentos, roupas e brinquedos para famílias carentes da região. Esse grupo de amigos conseguiu grande feito para uma iniciativa isolada: 1.500 cestas de alimentos foram entregues às comunidades.

Decorridos 21 anos, a Amigos do Bem cresceu, consolidou-se e hoje, configurada como instituição não governamental sem fins lucrativos, tem o objetivo principal de contribuir para a erradicação da fome e da miséria no sertão nordestino, por meio de ações educacionais e projetos autossustentáveis que favoreçam o desenvolvimento social da população carente.

Atualmente, a instituição dá assistência, educação, capacitação profissional e moradia a 9.600 famílias no interior de três estados: Pernambuco, Alagoas e Ceará. São mais de 60 mil pessoas atendidas regularmente.

Nos primeiros dez anos de atividades, o grupo repetiu, sem intervalos, a distribuição de alimentos, roupas e brinquedos. No entanto, o cenário de miséria e fome que viam em suas viagens fez que os organizadores decidissem ampliar o trabalho. Assim surgiu o projeto de Transformação de Vidas, iniciado em 2002, para levar educação, moradia e trabalho às comunidades. Para dar forma ao projeto, a experiência do grupo somou-se a estudos e pesquisas que identificaram os locais mais necessitados, as principais carências e as potencialidades de criar mecanismos de autossustentação.

Em pouco mais de dez anos foram implantadas quatro Cidades do Bem, onde vivem mais de 3.000 pessoas, quatro Centros de Transformação para atender 10 mil crianças e jovens e quatro Centros Educacionais frequentados por mais de 1.000 crianças. O projeto abrange também programas de geração de emprego e renda e outras iniciativas voltadas ao combate às desigualdades sociais.

Cidades do Bem
As Cidades do Bem estão implantadas em Inajá e Catimbau/PE, Torrões/AL e Agrovila/CE. Esses locais contam com toda a infraestrutura necessária: casas de alvenaria, com água, saneamento e energia elétrica. Todas elas têm consultórios médico e odontológico, farmácia, padaria e horta comunitária.

Implantados nesses locais a partir de 2005, os Centros Educacionais atendem alunos desde a pré-escola até o ensino fundamental, buscando preparar crianças e jovens, potencializando suas habilidades para uma cidadania participativa e combatendo a exclusão social. Além das disciplinas que compõem a grade curricular do ensino fundamental, são desenvolvidas atividades educativas e culturais.

As cidades contam também com os Centros de Transformação, cujo objetivo é desenvolver o potencial de mais de 10.000 crianças e jovens que vivem em povoados isolados. Com 3.000 m² de área construída, esses espaços abrigam 25 salas de atividades, quadra poliesportiva e parque infantil. Uma equipe com mais de 60 profissionais atua no local, onde são servidas 3.500 refeições diárias para os frequentadores, que participam de cursos profissionalizantes e atividades como acompanhamento escolar, alfabe­tização de adultos, esportes, dança, educação musical entre outras.

Geração de renda
Para criar projetos de geração de renda, a Amigos do Bem optou pela cultura do caju, pelo fato das regiões secas favorecerem o desenvolvimento da planta e por sua grande aceitação no mercado interno e externo. Foram plantados 130 mil pés de caju, totalizando 680 hectares, nos estados de Pernambuco e Ceará.

Inaugurada em 2011, a Fábrica de Beneficiamento de Castanha soma 80 postos de trabalho. Já a Fábrica de Doces produz doce de leite e de caju, cocada, mel e pimenta, o que gera renda para as mulheres. Os produtos são comercializados em São Paulo, por grandes redes de supermercados.

O artesanato é outra das opções que visam gerar renda, principalmente para as mulheres. Em todas as Cidades do Bem, a atividade é desenvolvida de acordo com a matéria-prima local e com a aptidão da comunidade. Voluntários e profissionais do segmento capacitam e acompanham todo o processo, garantindo produtos de qualidade.

Além das cidades, vilas e centros educacionais e das plantações e fábricas, o projeto abrange iniciativas como a construção de casas, perfuração de poços e construção de cisternas, sem deixar de lado a distribuição regular de alimentos, medicamentos, roupas e outros itens, ação primária de todo esse conjunto de iniciativas.

A Amigos do Bem realiza, ainda, o Projeto Água, Ouro do Sertão, para combater um problema crônico da região. Desde 2002, centenas de cisternas foram construídas e dezenas de poços perfurados, mas a maior conquista foi a canalização da água até o povoado de Torrões/AL que, por mais de 100 anos, sofreu com a falta de água.

Voluntários
A Amigos do Bem conta com equipes de mais de 100 voluntários que viajam mensalmente ao Sertão para realizar as distribuições. Entre eles estão presentes também médicos e dentistas que se revezam para atender todas as famílias cadastradas. O atendimento é realizado nos consultórios de cada Cidade do Bem e em locais improvisados como escolas, igrejas, entre outros.

Os medicamentos necessários são fornecidos pela farmácia criada pela própria instituição e os óculos, pela Óptica do Bem, mediante receita médica. Os consultórios odontológicos estão equipados para a realização de todos os procedimentos, inclusive prótese dentária.

Há também espaço para o sonho das crianças, dos jovens e dos adultos que vivem na região. A Amigos do Bem, por meio de seus voluntários, realiza anualmente os desejos, que incluem desde uma viagem para conhecer o mar pela primeira vez, ter uma verdadeira festa de Natal ou receber presentes do Papai Noel.

A Instituição
Paulistana, empresária, Alcione de Albanesi é presidente da empresa de lâmpadas FLC. Criadora da Amigos do Bem, ela passa dez dias por mês administrando os projetos sociais e está a frente de uma equipe de cinco mil pessoas – voluntários que se concentram em São Paulo, onde fica a Central do Bem. A sede da instituição, instalada em um prédio de quatro andares, na zona leste da capital paulista, é onde são armazenadas as doações de alimentos, roupas, brinquedos, livros, enxovais, medicamentos, cadeiras de rodas e muitos outros itens.

Os projetos são mantidos pela colaboração mensal de pessoas físicas e das Empresas Amigas do Bem, já que a instituição não conta com qualquer subsídio governamental. Quem quiser ajudar a Amigos do Bem também pode adquirir produtos da marca, peças de artesanato, castanhas e doces produzidos nas Cidades do Bem. Na época do Natal, são desenvolvidos produtos específicos para empresas que desejam presentear clientes e colaboradores. O Empório do Bem fica na Rua Padre Maurício, 300, Vila Invernada, São Paulo/SP. Saiba mais no site: www.amigosdobem.org.