Dom Quixote e o crescimento econômico do Rio de Janeiro

5 de junho de 2005

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Miguel de Cervantes, em 1605, ofereceu à humanidade em seu livro mais famoso o nascimento no dia 16 de janeiro, coincidentemente também data de meu aniversário, do fidalgo personagem, célebre e simpático, que tem atravessado séculos, como a marca da obstinação, talvez da inocência ou até da loucura, capaz de enfrentar e galgar posições onde poucos acreditam, ou até não são capazes de perceber. Fazer o desenvolvimento econômico do nosso Estado, como temos tido oportunidade de fazer nos últimos 7 anos tem sido muito mais que enfrentar moinhos de vento, mas uma experiência sensacional pelos resultados que temos obtido com a maior atração de investimentos da história do Rio de Janeiro que tenho prazer de relatar a seguir:

O resultado da luta para o crescimento do Estado tem ficado muito aparente em um segmento esquecido no passado de nossa economia que é a Petroquímica, visto que no final do primeiro semestre deste ano está sendo iniciado um programa de consolidação industrial que muitos não acreditavam (achavam ser uma ação quixotesca) e que era um antigo pleito do processo de desenvolvimento econômico do Estado do Rio de Janeiro. O começo da operação do Pologasquímico é a principal marca da implantação de uma indústria petroquímica no Estado, que apesar de possuir 83% da produção petrolífera nacional observava este segmento crescer em outros estados como Rio Grande do Sul, Bahia e São Paulo.

O empreendimento do Pólogásquímico de US$1, 1 bilhão, tem como investidores os grupos Suzano (33,3%); Unipar (33,3%), Petrobrás (16,7%), e BNDES (16,7%), e será o primeiro do país a produzir polietileno (550 mil toneladas por ano) a partir do gás natural, já que os outros existentes são à base da nafta. O projeto foi viabilizado por um programa de incentivos tributários do Governo do Estado, na gestão do então governador Anthony Garotinho, e foi realizado dentro de um planejamento que visava criar no Rio de Janeiro uma indústria petroquímica suportando o desenvolvimento da Baixada Fluminense. Este polo já nascerá pequeno, indicando necessidades futuras de expansões, pois já possui contratos assinados voltados à exportação e também para o mercado interno. Dos contratos para o mercado interno, muitos serão alavancadores de novas indústrias de Transformação Plástica, segmento que também volta a se instalar no Estado com a criação, de um programa de incentivo para o setor. Atualmente, na Secretaria que conduzo desde 1999, está em análise o pleito para instalação de 40 novas empresas com previsão de novos investimentos em médio prazo da ordem de US$ 400 milhões.

Os próximos passos do planejamento para consolidação da indústria petroquímica fluminense serão a ampliação em 80% da central de produção do polipropileno da Polibrasil em Caxias, que será promovida também com incentivos estaduais, e a implantação de uma nova Refinaria de Petroquímica, já anunciada pela Petrobrás e iniciado pela campanha “A Refinaria é Nossa”, outro movimento considerado quixotesco e que contará com sócios privados. Este investimento marcará o retorno da Petrobrás como um “player” na petroquímica, praticamente ausente desde a venda dos principais ativos da Patroquisa. Os investimentos nessa nova central, que processará o óleo pesado da Bacia de Campos e produzirá produtos como propeno, estireno, fenol e derivados (GLP, diesel), podem chegar a US$ 6 bilhões em empresas de segunda e terceira gerações, sendo que a definição da microlocalização desde empreendimento está prevista para ser concluída ainda em 2005, a partir de estudos que a Petrobrás realiza em parceria com o Governo do Estado.

Na mesma linha alguns outros segmentos estruturantes que estavam desacreditados estão sendo promovidos. A indústria Naval é um bom “case” já que no período de 6 anos foram reabertos e revitalizados 19 estaleiros gerando 25.000 empregos diretos e cem mil indiretos. Já o nível de encomendas em carteira do setor variou de US$ 50 milhões em 1998 para US$ 3,5 bilhões em 2004. Mais uma vez Quixote esteve presente na mente daqueles que não acreditavam na nossa ação para a retomada do setor.

O setor elétrico fluminense foi reativado nos últimos 6 anos, já que o Estado saiu de uma situação de depender e (importar) 60% de energia de outros estados, com somente 2400 MW de geração própria em 1998, para uma geração de 6000 MW e um excedente de geração local de 20%. Do ponto de vista da universalização do atendimento de energia elétrica o Estado é líder no País, levando-se em conta que nos últimos seis anos mais de 100 mil cidadãos fluminenses tiveram acesso à energia elétrica e foram potencializados economicamente por programas de geração de renda no interior, como o de fruticultura irrigada (Frutificar), que já gera 20 mil empregos no interior. Neste programa de eletrificação, o Estado deverá estar plenamente atendido até o final de 2005, sendo o primeiro da Federação a ser universalizado. Quando se planejavam tais metas, já realizadas e superadas, os incrédulos acreditavam somente ser ações de lunáticos sendo possível realizá-las apenas na mente criativa e nos escritos de Cervantes.

No setor siderúrgico, também viabilizamos diversos novos empreendimentos como a mega siderúrgica do Grupo Thyssen, em parceria com a Vale do Rio Doce; a nova siderúrgica de aços especiais do Grupo Gerdau e a ampliação das siderúrgicas da Cosigua e de Barra Mansa. Temos também previstos novos empreendimentos da CSN, tanto de um novo terminal para exportação de minérios, quanto a ampliação da siderúrgica de Volta Redonda, além da nova fábrica de pneus francesa Michelin.

Quanto ao Gás Natural, este já representa 20% da matriz energética do Estado enquanto no país não chega a 7%. Com o uso do gás em segmentos como geração, cogeração, GNV, industrial, petroquímico e residencial, a liderança do Rio é absoluta no País. Com o programa de incentivo à interiorização, o gás natural já está em cerca de 30 Municípios, em breve chegando a 40 com o apoio de nossa Concessionária de Distribuição Gás, controlada por Grupo Espanhol, como nosso fidalgo Dom Quixote. Em 1998 o gás só chegava praticamente a um município, que era a Capital, demonstrando a dinâmica que conseguimos empreender no setor.

Desta forma divido com os amigos e leitores da Revista Justiça & Cidadania as conquistas econômicas de nosso Estado e de toda Sociedade Fluminense que como “Sanchos Panchas” foram fiéis escudeiros que estiveram sempre presentes e que deram força aos sonhadores de um Estado mais próspero, como o que estamos tendo.