Espera, Esperança

28 de fevereiro de 2008

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Não queremos que, por momento algum, te ausentes de nós. Nem mesmo que te distancies. Não podemos te ver menor.
Não deixes que a poeira do tempo arraste as réstias de ti para a memória fatigada do ano velho.
Assim, ninguém se perderá de ti, se entregando à morte homeopática no pântano da incerteza ou na insanidade insone da solidão do desalento.
Nós todos, por aqui, dependemos de ti.
Milhões de crianças, que não pediram para nascer em lugar nenhum, quanto mais por estas bandas de pobreza maior, ainda dependem da nossa dedicação ao trabalho construtivo.
Nós todos, por aqui, dependemos de ti.
Milhões de pais e mães, como se estivessem sentenciados à pena perpétua de gastar a vida só, no sofrimento por estas paragens, ainda dependem da força da nossa unidade honesta.
Nós todos, por aqui, dependemos de ti.
Quantos jovens, moças e rapazes, às centenas de milhares, não andam sem horizontes sob estes céus como se acometidos de uma miopia coletiva que não lhes permite sequer imaginar a possibilidade de uma vida melhor? Eles também dependem da nossa capacidade de superar conflitos, de realizar a harmonia, de obter a coesão social.
Pensemos nos cegos de saber porque não lhes tiveram abertos os caminhos das escolas – e eles não são poucos, somam-se aos milhões. E sendo também cegos, são surdos porque seus ouvidos não são livres. Só lhes é permitido ouvir uma só informação, um fragmento da verdade manipulada.
E nós todos por aqui dependemos de ti.
A nossa missão é resgatar os bons princípios, os valores essenciais à convivência humana fraterna. Queremos uma vida melhor não só para nós, também para os outros. Sabemos que sem igualdade, justiça, progresso e paz, nós, que pela confiança das minorias – agora unidas – , formamos a esplêndida maioria, sabemos o quanto dependemos de ti.
Sabemos que não basta que se consagrem apenas os direitos às oportunidades. De nada adiantam estes direitos se as oportunidades, na vida real, não existem. E as oportunidades, aqueles espaços correspondentes àquele lugar ao sol a que todos temos direito, não resultam apenas de uma decisão individual, mas de uma vontade coletiva. De uma duradoura vontade coletiva.
E nós todos por aqui dependemos de ti.
Temos tudo para ser a tão sonhada terra das oportunidades. O Nosso Deus, o Todo Poderoso da nossa fé, continua, agora mais que nunca, do nosso lado.
Mas sem a tua força latente, oh! esperança, bem dentro de cada um de nós, não passamos de andarilhos sem bússola, sem rumo certo. Parados, nos confundimos com estátuas às vezes até bonitas de tão bem esculpidas, mas sem brilho de vida, apenas registros de boas intenções.
Temos rios a revitalizar, temos águas marítimas a dessalinizar, temos as florestas a preservar, terras boas para cuidar, a natureza viva a defender e a respeitar. Temos um Povo bom, ainda pobre, mas honrado, trabalhador e criativo. Temos uma história de vitórias a resgatar e alegrias que ainda precisam se espraiar de verdade no sentimento de toda gente.
Não te vás, esperança. Nem te distancies. Sem o verde das inspirações das tuas promessas, restamos desanimados para os compromissos de vida, que esse nosso existir por estas bandas da terra nos motiva. Sossega aqui, esperança!