Esperança e otimismo sim!!!

31 de janeiro de 2005

Compartilhe:

(Editorial originalmente publicado na edição 54, 01/2005)

Nos primeiros dias de abril de 1964 chegaram presos no DOPS de São Paulo os professores Caio Prado Júnior e Mário Schemberg, os médicos Reynaldo Machado, professor e Diretor do Hospital de Marília, e João Beline Burza, recém chegado da Rússia, onde dirigiu o Instituto Pavlov de Moscou, e os ex-deputados Wilson Rahal e Taibo Cadorniga. Todos foram alojados no mesmo pavilhão, onde já nos encontrávamos em companhia do presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto da Faculdade de Direito da USP, João Miguel e de vários jornalistas, entre eles, Nelson Gato, – que mais tarde vim encontrar novamente no navio-presídio Raul Soares-, além de sindicalistas e professores da Universidade de São Paulo.

Caio Prado logo constatou a apatia e frustração de todos que ali se encontravam e, após ouvir seus novos companheiros de prisão, passou a doutrinar, segundo me ocorre à lembrança: “Meus amigos, os dias que virão representam uma incógnita. A previsão que temos dos militares que tomaram o governo não deixa dúvida, marcharemos para uma ditadura com prazo imprevisível. Em conseqüência, as nossas prisões poderão se alongar por meses e anos. Portanto, é necessário que mantenhamos a máxima serenidade, com firme esperança e, até mesmo, com otimismo, aguardando confiantes a desejada liberdade. Assim, a partir de hoje, para aproveitar os tempos que virão, vamos organizar um seminário, onde os que puderem e tiverem condições vão transmitir aos demais companheiros seus conhecimentos e experiências, não esquecendo nunca que aqui no presídio e imprescindível manter viva a esperança e o otimismo até alcançarmos a liberdade”.

O Seminário despertou interesse geral dos companheiros, principalmente pela oportunidade dos temas que, concomitantemente com os ensinamentos dos palestrantes, lembravam sempre os sentimentos da esperança e otimismo pela espera da desejada liberdade.

Apesar da triste e indesejável experiência impingida nas prisões da ditadura, em especial, nos casos de situações políticas que chegaram à contestação armada, companheiros foram vitimados com infamantes torturas e arrostando-se com a morte, como acontecido com Wladimir Herzog, Mario Paiva, Manoel Alves e muitos outros que até hoje se encontram desaparecidos, inclusive, aqueles que sofreram anos de encarceramento como José Genoíno, Gregório Bezerra, Frei Beto, Aldo Rebelo, Wladimir Palmeira, José Talarico, José Dirceu, entretanto, todos eles, mesmo quando se encontravam sofrendo sevicias, conseguiram manter a firme esperança e otimismo de conseguirem a almejada liberdade.

A esperança e o otimismo é inato aos homens de convicção, possuidores de persuasão, que mantém e conseguem alcançar, pela fé em si mesmo, independente da ajuda de Deus, o objetivo de seu determinismo. São aqueles que vêm ao mundo predestinados a lutar pelo que acreditam, arrostando os percalços que surgem, mas sempre firmes nos propósitos que almejam alcançar, e que finalmente alcançam.

Entre os predestinados que conseguiram entrar e se vangloriaram na nossa história, e são muitos, podemos lembrar do Patriarca da Independência José Bonifácio; dos propagandistas da Abolição, José do Patrocínio e Castro Alves; da afirmação e consolidação da República com Floriano Peixoto, Rui Barbosa e Campos Salles; do início da industrialização com o Barão de Mauá; com a interiorização do Brasil com Juscelino e com a efetiva emancipação e desenvolvimento econômico, político e social com Getúlio Vargas.

Por oportuno, afirmando os rasgo de esperança e otimismo que Getúlio Vargas imprimiu ao Brasil, despertando a consciência popular para a conquista plena da democracia, vale lembrar um pequeno trecho do seu último pronunciamento de festividade dedicada aos trabalhadores, em lo de maio de 1954, quando vaticinou para o futuro com esperança e otimismo, a conquista do Governo por um trabalhador, afirmando:

“Nas democracias, o governo se constitui pelo voto da maioria; e vós sois a maioria do povo brasileiro. Só com a conquista do poder tereis oportunidade para empreender a grande reforma, alicerçada em bases de segurança econômica e justiça social”.

Passados 48 anos daquela profetização, um obstinado metalúrgico chega à Presidência da Republica com a obtenção de mais de 50 milhões de votos conquistados democraticamente através da esperança da maioria da Nação.

A caminhada para vitória do trabalhador Luiz Inácio LULA da Silva, legitima a conquista da classe operária, vaticinada por Getúlio Vargas. Na realidade, teve seu início em 1943 com a implantação da legislação trabalhista e a solidificação dos sindicatos, que incentivados pelo governo na sua organização e fortalecimento das classes trabalhadoras, produziram um líder, que pela sua persistência, carisma e determinação, conseguiu, depois de muita luta, alcançar a profecia de Getúlio Vargas.

Transpassados já os dois primeiros anos do Governo do Presidente LULA, apesar das críticas as que lhe são imputadas, sejam pelos seus velhos companheiros radicais e inconformados pela prudência como vem sendo conduzida a administração governamental; sejam pelos empedernidos opositores que torcem pelo malogro do Governo; e sejam até por aqueles que, apesar de constatarem os progressos que vem sendo conquistados na produção industrial, no aumento acentuado da exportação e principalmente, pelo aumento visível do emprego, ainda se mantêm indiferentes na expectativa sobre os avanços e acentuados progressos alcançados pelo Governo LULA-, este vem reagindo com continuada e insistente proclamação de esperança e otimismo sobre os resultados obtidos em todas as aparições públicas, demonstrando confiança e determinação em atingir a meta a que se propôs: levar o Brasil a uma real melhoria da situação social deste povo humilde e desamparado, do qual ele é um legitimo representante.

O constante apoio popular que vem recebendo nestes dois anos de governo confirma os indicativos das pesquisas feitas, e não contestadas; demonstra o acerto das suas continuadas proclamações de confiança, tanto na esperança, como no otimismo de que o Presidente LULA esta possuído.

Vale, neste momento, até por amor e confiança no futuro, que todos, coletivamente, repitam o sentido dos versos triunfalistas do compositor Luiz Gustavo, acompanhando a linha dos propósitos de esperança e otimismo do Presidente LULA:

Avante Brasil! Salve a Nação!

São 160 milhões que torcem com esperança e otimismo pelo futuro do Brasil.