Lembrai 1964

30 de agosto de 2003

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(Editorial originalmente publicado na edição 37, 08/2003)

“Há qualquer coisa estagnada e putrecente contaminando o ambiente nacional’
Getulio Vargas, São Borja. 1º de maio de 1946

Sem dúvida alguma, a reforma agrária é imprescindível que se institucionalize, com a maior urgência.

O latifúndio somente se justificava no início do descobrimento, quando os reis de Portugal, concederam as sesmarias, outorgando aos ricos fidalgos as grandes extensões do território, para incrementar a ocupação efetiva das terras da colônia.

A política agrária implantada na época pela corte portuguesa visava principalmente a ocupação territorial, e demonstrou na pratica a boa intenção e propósito da coroa portuguesa, evitando o desmembramento do território brasileiro, como ocorreu com as terras do reino da Espanha.

Hoje, com a convulsão social que se alastra em todo o país, com o inchaço das cidades como conseqüência da fuga do meio rural, motivada pela falta de qualquer tipo de assistência social no campo, torna-se natural que os emigrantes rurais, ao chegarem as cidades, não encontrando condições de sustento, tornem-se fácil massa de manobra a engrossar os movimentos políticos irresponsáveis, em busca de urna moradia ou até a volta ao campo, com a promessa e possibilidade de ocupação de uma terra.

Os episódios que se assistem, com a invasão de prédios de apartamentos nas cidades e propriedades rurais produtivas, feitas desordenadamente, mas com propósitos claros de promoverem agitação e convulsão social, já causam preocupações, assustam e revoltam os legítimos proprietários, como aque1es outros que julgavam, o perigo de vir a sofrer esse mesmo tipo de violência.

Os fatos que estão acontecendo em todo o país, com as invasões de fazendas, usinas, propriedades rurais e prédios nas cidades, faz lembrar os acontecimentos de 1963/1964, quando o então Deputado Federal FRANCISCO JULIÃO, criou as LIGAS CAMPONESAS e iniciou em Pernambuco a invasão de usinas de açúcar e propriedades agrícolas.

Os fatores que propiciaram a queda do Governo do Presidente João Goulart, foram muitos, mas, um dos principais a despertar uma das reações mais violentas, por parte dos ruralistas, produtores agrícolas e a sociedade, foram sem a menor duvida as invasões patrocinadas pelas LIGAS CAMPONESAS, se contrapondo à lei e o direito da propriedade.

Naquela ocasião 1963/1964, os desmandos praticados pelos seguidores de JULIÃO, não contavam com o apoio do Governo de João Goulart, em razão de sua condição de fazendeiro, pecuarista e possuidor de grandes glebas no Rio Grande do Sul e Mato Grosso, nem pactuando com as ações e desmandos do seu correligionário, não permitindo nem dando amparo ou apoio financeiro do Governo, nem das entidades sindicais, ao contrário e diferentemente de hoje, quando comprovadamente, os movimentos dos SEM TERRA e SEM TETO recebem ajuda financeira e apoio das Centrais Sindicais, e absurdamente, a complacência e até incentivo de autoridades do Governo.

A reforma agrária deve e tem de ser incentivada e efetivamente institucionalizada, mas, dentro e em obediência a lei, respeitando o direito constitucional e até milenar da propriedade privada.

O abuso dos lideres desses movimentos e principalmente a dialética anarquista utilizada atrevida e abertamente pelo agitador, dito campesino STÉDILE, incentivando com exemplos, palavras e comparações numéricas, a invasão e apropriação de terras e sedes de órgãos governamentais, da bem para se avaliar as estripulias que poderão advir se não houver urna medida preventiva, acauteladora e exemplar por parte das autoridades, para por cobro a essa nefasta e perigosa agitação.

Os desmandos ocorridos em Brasília, aliado ao efetivo descontentamento demonstrado pelos servidores públicos e aposentados da previdência, deixa antever um clima efervescente próprio de revolta, que pode desaguar numa rebeldia incontrolável, como costuma acontecer, quando a turba açulada e pré-disposta a baderna, e incentivada por seguidores do líder anárquico do seu apregoado movimento dos camponeses.

As ligas can1ponesas de JULIÃO constituem minúsculas fagulhas se comparadas ao incêndio incontrolável, como vem sendo estimulado pelos movimentos dos SEM TERRA e SEM TETO, através dos seus mal-fazejos lideres.

É hora de prevenir, para que não se repita agora ou em 2004, o que aconteceu em 1964.