Livros que preenchem espaços

6 de outubro de 2014

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Paulo-TeixeiraConselheiro do CNJ Paulo Teixeira relata os livros que mais lhe inspiraram. “Com eles aprendi a viajar, a conhecer pessoas e a liberdade”, afirmou

Há livros escritos para evitar espaços vazios na estante”. A frase atribuída a Carlos Drummond de Andrade ganhou nova interpretação do representante da Advocacia no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Paulo Teixeira, convidado desta edição de Prateleira. Para ele, “não adianta possuirmos milhares de obras se não as compartilhamos”. Por essa razão, o conselheiro protestou contra o limite de três indicações sugeridos pela coluna. Ele foi além. E iniciou sua lista com nada menos que a Bíblia Sagrada. “A missão de resumir uma vida de leitura a somente três livros não é nada fácil. Inúmeros foram os livros a que tive acesso. Muitos consegui ler até o seu final de alguns li poucos capítulos. Todos contribuíram para minha formação. Além dos que indico adiante, um único destaco como essencial à vida em todas as épocas. Refiro-me à Bíblia Sagrada, que traz em si todos os gêneros: religião, profecia, história, direito, sapiência, parábola, poesia etc. Apesar do tempo desde quando foi escrita, é um texto atual, vivo e pode ser citado em todos os contextos e cenários”, afirmou.

A seleção de Teixeira têm sequência com a trilogia Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba, de Machado de Assis. Dos três, ele destaca Dom Casmurro, por misturar romance e drama de forma maestral. “A obra traz a clara visão de um homem machucado e traído pela vida ao contar a história de Bentinho e Capitu, que finda em circunstância de uma dúvida alimentada por ele sobre a fidelidade da amada. Em que pese não se tratar de uma obra jurídica, ela nos remete a refletir sobre a incerteza quanto ao fato da traição, servindo, pois, a todos os profissionais do Direito quanto ao julgamento precipitado sobre fatos e acontecimentos”, explicou.

Outra obra compartilhada pelo conselheiro é Dom Quixote de La Mancha, de Miguel Cervantes. O livro narra a história de um ingênuo espanhol, que passou a acreditar em cavaleiros medievais e decidiu se tornar um. Ao se intitular Dom Quixote, ele idealizou dois personagens – Dulcinéia, sua dama, e Sancho Pança, seu escudeiro – e aventurou-se em uma viagem a fim de combater as injustiças do mundo. “A obra, conquanto tenha um lado até certo ponto cômico, desenhado pelas alucinações do cavaleiro andante, nos faz refletir sobre a capacidade de o ser humano sonhar e nos faz também sonhar” ressaltou.

O conselheiro indicou também o livro Cem anos de Solidão, do escritor Garcia Marques e classificado por Pablo Neruda, após Dom Quixote, a melhor obra literária em espanhol. Nesse clássico, o autor mostra encontros e desencontros de uma família, durante quatro gerações, até que o último descendente consegue decifrar as escrituras que prediziam o futuro do clã. “E é no seio dessa família amaldiçoada pelo verme da solidão que se testemunha a ascensão e a queda, tendo como pano de fundo os problemas sociais e a instabilidade política da América Latina”, resumiu.

Paulo Teixeira afirmou que os livros lhe ensinaram muito mais que a ler: “Aprendi com eles a viajar no tempo, conhecer pessoas e encontrar a liberdade nas letras”, afirmou. E emendou: “Certa vez, tive a oportunidade de ler a frase: o mundo é um belo livro, mas com pouca utilidade para quem não sabe ler. Penso que ela poderia ser reescrita para: o mundo é um belo livro, porém seria muito mais belo se pudéssemos compartilhar os livros que temos”.

Ele tem razão.

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Prateleira indica ______________________________________________________________

RJC_170_Prateleira_2Justiça Trabalhista do Brasil – O fenômeno Social Agoniza
Roberto Monteiro Pinho
Editora: Topbooks

A obra é resultado de um estudo aprofundado sobre o Judiciário Trabalhista, subsidiada de forma fiel com os dados do programa “Justiça em Números”, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). No livro o autor aborda, de forma crítica, questões pontuais sobre a prestação jurisdicional da justiça laboral. Jornalista com atuação no Poder Judiciário, o autor aponta as práticas anômalas dos atores da Justiça do Trabalho, assim como a violação, segundo ele, de preceitos elementares de leis e institutos, o que reflete na morosidade. Pinho derruba alguns mitos e dogmas em torno da imagem da Justiça Trabalhista, principalmente a de ser uma Justiça social, que prioriza apenas o trabalhador.

RJC_170_Prateleira_3Contrato de Capitalização
Jerônimo Jesus dos Santos
Editora: LTR

Com prefácio assinado pelo vice-presi-dente da República, Michel Temer, a obra destaca o capitalismo no País. O autor é procurador federal e mestre em Direito das Relações Econômicas. Seu livro, portanto, tem todos os motivos para agradar ao leitor, considerando que as questões nele tratadas, além de Direito Constitucional, de Direito Civil, de Direito Econômico e de Direito do Consumidor, abrange várias áreas da Economia brasileira. Este livro surge como marco de ascensão do segmento de Capitalização com propostas concretas, inclusive de cunho legislativo. Sensibilizará este trabalho o empresariado brasileiro, o tomador de decisão e os gestores públicos.