Livros e filmes sobre Trabalho, Justiça e Filosofia – Confira as sugestões de literatura e cinema do Ministro do TST Alexandre Agra Belmonte

10 de setembro de 2020

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Revista Justiça & Cidadania – Quais livros está lendo ou acabou de ler?
Alexandre Agra Belmonte  Desde meados do ano passado tenho lido pouco, porque estive escrevendo três livros e atualizando outro. Lancei no final do ano “Reparação de danos patrimoniais nas relações de trabalho” e “Danos extrapatrimoniais nas relações de trabalho”. Este ano lancei a quinta edição, reescrita, de “Instituições Civis nas Relações de trabalho”, e terminei de escrever mês passado novo livro sobre “Teorias do Fortuito e da Imprevisão frente a pandemias”, que espero que esteja disponível no mercado já no mês que vem.

No entanto, gostaria de recomendar dois filmes que assisti recentemente, do cineasta britânico Ken Loach, que têm muito a ver com o momento atual das relações de trabalho. O primeiro é um filme de 2018, “Você não estava aqui”, que fala sobre a falta de proteção social dos entregadores autônomos, que conseguem trabalho por meio de plataformas digitais. O outro filme é “Eu, Daniel Blake”, de 2016, que também fala sobre questões relacionadas ao trabalho e aos direitos trabalhistas no âmbito da globalização, sobretudo sobre as dificuldades burocráticas, no caso do sistema britânico, para a obtenção de um auxílio social do Governo.

RJC – Quais são as sugestões de leitura para profissionais e estudantes de Direito?
AAB – Recomendo alguns bons livros, como “A obrigação como processo”, de Clóvis do Couto e Silva e Luciana Gardolinski do Couto e Silva; “Obrigações em geral”, de João de Matos Antunes Varela; “Teoria do fato jurídico”, de Marcos Bernardes de Mello; e “Teoria da imprevisão”, de Arnoldo Medeiros da Fonseca. A partir desse último, publicado pela primeira vez em 1932, foi que se estruturou o caso fortuito e a força maior como excludentes de responsabilidade, o que viria a ser positivado na legislação pelo art. 393 e pelo art. 421-A do Código Civil.  

RJC – Alguma recomendação de literatura fora do Direito?
AAB – Recomendo “A ideia de Justiça”, do professor indiano de Economia e Filosofia Amartya Sen, que conecta reflexões do autor sobre os desafios da política internacional contemporânea. Outro livro essencial é o best-seller “Sapiens”, do professor israelense de História Yuval Noah Harari, que nos apresenta uma visão holística fundamental para a compreensão da história. Recomendo ainda “A sociedade do cansaço”, do filósofo sul-coreano radicado na Alemanha Byung-Chul Han, que é um dissecador da sociedade de consumo. Dentre os clássicos, recomendo “O caso dos exploradores de cavernas”, publicado em 1949 pelo jurista britânico Lon L. Fuller; “As cabeças trocadas”, do escritor alemão Thomas Mann; e “Cem anos de solidão”, do genial escritor e jornalista colombiano Gabriel Garcia Marquez. Dentre autores nacionais e obras mais recentes, recomendo “A viagem do descobrimento”, de Eduardo Bueno, e “Metrópole à beira mar”, de Ruy Castro.