Televisão e Justiça, um binômio altamente criativo

5 de novembro de 2002

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A minha admiração pela televisão resulta de dois enfoques. Um, que a grande maioria das pessoas reconhece imediatamente: a TV como distração, novelas, filmes, noticiários, curiosidades etc. Outro, que infelizmente só agora começa a se fazer sentir: a TV como instrumento educacional.

Nesse plano as dificuldades são muito grandes, porque, de uma maneira geral, os programas educativos são chatos. Falta por pane dos profissionais da televisão a criatividade para transformar um programa cultural em alguma coisa leve e atraente. Esse é um problema que só os técnicos podem resolver.

Na Rússia comunista, na China e em Cuba, a televisão oficial, que tem ou tinha caráter meramente informativo, de propaganda do regime ou de caráter educativo, era chatíssima.

Nada disso, entretanto, invalida a idéia de se utilizar largamente a televisão como veículo pedagógico.

Foi com esse propósito que iniciamos em 1997, há seis anos, um ambicioso projeto educacional na Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, a EMERJ como é por todos conhecida.

A idéia inicial era levar as nossa atividades para todo o Estado do Rio de Janeiro, num movimento de interiorização absolutamente inédito. A repercussão foi imediata, pois através do programa conseguíamos levar para o interior grande parte das nossas atividades na sede.

Ocorre que pata obtenção desse objetivo, porque mais Fácil, utilizamos uma estação de TV a Cabo, filiada as diversas cadeias de transmissão existentes. Com isso, sem que nós imaginássemos inicialmente, o projeto acabou se transformando em programa nacional, captado desde o Oiapoque até o Chuí, ampliando o conceito da EMERJ para todo o território nacional.

Foi um momento extraordinário, através da televisão conseguimos mandar para todos os recursos de nossa pátria os maiores juristas brasileiros e as autoridades mais representativas do judiciário de nosso país. Muitas vezes tivemos a oportunidade, é o orgulho de constatar o impacto dessas transmissões no interior do Brasil, através dos profissionais do direito que jamais sonharam em ouvir e ver, de viva voz, essas pessoas ilustres e para essas populações, inatingíveis.

Ao terminar a nossa gestão na escola, em janeiro de 2001, o programa EMERJ-Brasil era um sucesso indiscutível.

Mas não foi só isso. Na mesma oportunidade criamos também uma TV de circuito interno, a TV-EMERJ, que levava as nossas atividades para todo o foro central, por onde tramitam, como se sabe, cerca de 150 mil pessoas por dia.

Esse projeto no qual depositamos grandes esperança, acabou não merecendo a compreensão de outros setores do tribunal e acabou subaproveitado. Mesmo assim, Cumpre até hoje uma alta finalidade.

O EMERJ-Brasil não prosseguiu, mas o outro programa, embora em plano mais modesto do que seria desejável, continua no ar.

A televisão é um veículo tão fantástico de divulgação que costumo dizer que ela já desmistificou a idéia, de cunho religioso, de que só Deus é capaz de estar em todos os lugar e são mesmo tempo. Com a televisão, se não se pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo, pelo menos e possível estar em muitos lugares ao mesmo tempo. Depois, e essa foi uma idéia que nos inspirou para desenvolver os projetos na EMERJ, a televisão tem um caráter multiplicador que nenhum outro veículo tem. Através da televisão pode-se transmitir uma atividade educacional, que em outros tempos estaria limitada à sala de aula ou ao auditório, para milhões de pessoas.

Presentemente, estamos dirigindo 0 programa “Justiça sem Fronteiras”, na TVE-Rede Brasil, que tem as mesmas características daquele que desenvolvemos na Escola de Magistratura. O programa já está no ar há cerca de dois meses e tivemos 0 privilegio de inaugurá-lo com uma entrevista com o ministro Marco Aurélio Mendes de Farias Mello, Presidente do Supremo Tribunal Federal.

Alias, ao falar no ministro Marco Aurélio, quero cumprimentá-lo pelo seu dinamismo criando a TV-Justiça, que veio dar ao judiciário brasileiro maior transparência e credibilidade.

O programa a par de tomar o judiciário cada vez mais visível é também um poderoso instrumento de cidadania, levando ao conhecimento das pessoas, de um modo geral, a notícia de seus direitos e os princípios éticos que regem a vida na comunidade.

Parabéns ao ministro que veio se juntar a nós de forma tão expressiva nessa cruzada pela redenção do Poder Judiciário, que passa a ter um canal exclusivo à disposição de todos os operadores do direito no nosso país.

S.Exa., que é um líder indiscutível de nossa classe, teve a percepção de que um canal com essas características vai ajudar demais as pessoas a melhor compreender e respeitar o Poder Judiciário brasileiro.

Que Deus o ilumine.