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Da Antiguidade à Internet, Comunicar é sempre um desafio

28 de fevereiro de 2006

Tiago Santos Salles Editor-Executivo

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No tempo dos deuses como na idade moderna a realidade é a mesma se o tema for a comunicação: onde predomina a liberdade e a qualidade da comunicação, há progresso, democracia e vitalidade econômica. Onde, ao contrário, predomina o controle da comunicação e o cerceamento da liberdade, grassa o atraso e os índices de progresso social são melancólicos. Ou seja, o êxito das sociedades é tão ilusório quanto a fumaça.

Esse quadro de contrastes, que sintetiza o alcance da comunicação como elo forte do desenvolvimento e da consolidação das liberdades públicas, surge naturalmente como se o novo livro de Francisco Viana, “Hermes, a Divina Arte da Comunicação”, fosse uma máquina do tempo e pudesse conduzir os personagens da história antiga para dialogar com a sociedade dos dias atuais, com a voz das suas mais valiosas experiências

O discurso principal do livro é a divindade da comunicação, isto é, a sua utilidade na mediação do diálogo social, na consolidação da liberdade e, sobretudo, no diálogo entre diferentes culturas, ideologias e visões de mundo. Colorido pelo relato do mito de Hermes, a evolução da comunicação até as Actas Romanas, ainda na Roma Antiga, as cartas até os primeiros jornais, na era de Gutemberg, o rádio, a televisão e, por fim, a Internet, Viana associa, com diferentes variações, a divindade da comunicação à sua utilidade.

Francisco Viana recorre ao passado longínquo, os cerca de oito mil anos do ciclo de Hércules, que termina com a morte de Marco Antônio e Cleópatra no ano 30 a.C. para trazer  a luz um vasto leque de temas de intensa atualidade: a construção das reputações, a comunicação pública, os limites do marketing político, as denúncias, a arte do diálogo e muitos outros temas.

A visão da comunicação como arte, justificada a cada página, a começar pelo título, transpira absoluta rejeição ao vazio das fórmulas de prateleira, à falta de imaginação daqueles que viram as costas para o conhecimento da história ou que simplesmente trabalham como laboriosas abelhas operárias, mas não lêem, não estudam, não desfrutam do indispensável ócio criativo. A artilharia pesada é voltada para a crítica dos que tentam manipular a democracia. Escudado na sua vasta experiência como jornalista e comunicador, Viana se insurge contra um dos mais graves problemas da democracia brasileira: a rejeição à transparência e a manipulação da verdade factual pelos magos do marketing político.

Em Hermes, comunicação e ambigüidade, verdade factual e rigor ético, a preponderância da reputação sobre a imagem como valor transcendente, a utilidade da informação e a sua divindade não podem ser dissociadas. Por isso, a viagem em torno das múltiplas faces dos mitos, oráculos, poetas, filósofos e suas amplas conexões com o mundo atual e o Brasil moderno dão o tom e o alcance do livro. O prefácio é de Paulo Nassar, presidente da Aberje, entidade que reúne cerca de mil empresas, entre agências que fazem e companhias que investem na comunicação.

Hermes, de Francisco Viana, é, em suma, uma espécie de máquina do tempo cuidadosamente elaborada sobre a história, a arte e a técnica da comunicação. Um livro que propõe uma visão abrangente do passado e, assim, torna-se indispensável para a compreensão do presente e do futuro do papel do comunicador. O último capítulo brinda o leitor com o saboroso e amplo Dicionário da Moderna Comunicação.

Nele, em textos curtos, história e atualidade se fundem em preciosas lições para o dia-a-dia de quem trabalha com comunicação, seja o próprio comunicador, o empresário, o político ou o profissional, de qualquer área, que deseje construir uma base sólida para os seus relacionamentos, a começar pela mídia. Com Hermes, Viana completa a trilogia iniciada em 2002 com “De Cara com a Mídia” e que, em 2004, teve prosseguimento com “Comunicação Empresarial de A a Z”, este último também publicado pela editora CL&A.

Quem é Francisco Viana 

Foi editor de reportagens especiais e diretor de projetos institucionais das Revistas Isto É e Carta Capital. Autor de vários livros, entre eles “De Cara com a Midia – Comunicação Corporativa”, Relacionamento e Cidadania e “Comunicação Empresarial de A a Z”, é professor da Faculdade de Campinas – Facamp e, também, da Aberje, entidade que reúne as empresas de comunicação do País.

Com grande experiência na área de consultoria a empresas, como a Organização Bradesco, Construtora Andrade Gutierrez, Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), Grupo Millenium, entre outras corporações, tem atuado também na área de comunicação pública, a exemplo do Ministério da Ciência e Tecnologia e do Ministério da Integração. Atuou também como repórter especial do jornal O GLOBO, colaborador da revista da CNI – Confederação Nacional da Indústria, revista da Bolsa de Valores de São Paulo e editor da Revista Bradesco, além de ter sido autor das coleções Grandes Empresários, com 20 títulos, da Revista Dinheiro. Atualmente, é também colaborador das revistas Imprensa e Justiça & Cidadania e dirige a Hermes Comunicação Estratégica, consultoria com foco em midia training e gestão de crises.