O Rio e os desafios da miséria urbana

31 de agosto de 2007

Compartilhe:

O Rio de janeiro está enfrentando, neste momento, a maior batalha de sua história.

É a luta para, na esteira do desenvolvimento global, superar suas eternas contradições e se transformar em um Estado pleno, livre das desigualdades, da miséria e da violência que nos ameaça e ofende a cada dia que passa.

É evidente que as dificuldades são imensas, e basta ler os jornais para perceber o longo caminho que temos a percorrer. Mas já demos os primeiros passos.

Pessoalmente, desde que assumi, em março deste ano, a presidência de honra do RioSolidário, tenho vivenciado de perto a situação contraditória do Estado, que ostenta um lado de progresso e desenvolvimento econômico e outro de profundas dificuldades sociais.

A tarefa de conduzir um projeto que se propõe a promover a inclusão social é, sem dúvida, um grande desafio, mas a aproximação de nossas mazelas me trouxe, em contrapartida, a alegria de perceber que a volta por cima do Rio de Janeiro depende apenas de nossos esforços conjuntos, e que não falta disposição para ajudar o Estado a alcançar esse objetivo, seja por parte das empresas, do poder público, da sociedade civil organizada ou das pessoas em geral.

Não tenho a menor dúvida de que temos a matéria-rima perfeita para essa transformação. De fato, é notório que não existe, no mundo, lugar mais lindo do que o Rio de Janeiro, mas muito mais importante do que a beleza natural que nos foi presenteada por Deus é a constatação de que, seguramente, também não há nenhum outro Estado com um povo dotado de tanta humanidade e valor quanto o fluminense.

Por outro lado, também é verdade que nos orgulhamos de nossas belezas naturais e de nosso espírito livre e festivo na mesma medida em que nos envergonhamos do quadro de desigualdades e injustiças sociais que nos assola há séculos.

Queiramos ou não, nossa geração herdou a dificílima tarefa de mudar essa realidade e, sem dúvida, não deixará de fazê-lo. Não temos o direito de reclamar, nem de vacilar. Precisamos, sim, assumir nossas responsabilidades como cidadãos e contribuir para a superação dos problemas de nossa cidade e de nosso Estado, seja na qualidade de empresários, trabalhadores, funcionários públicos ou governantes.

Nossas mazelas não foram criadas ontem e, sem dúvida, não serão superadas do dia para a noite. As mudanças exigem determinação e esforço de cada um de nós. O Rio de janeiro é contraditório, sem dúvida, mas é nosso por completo.

São nossos o Cristo Redentor, o Maracanã e o Pão de Açúcar – assim como são nossas a miséria, a desigualdade e a violência.

Preservá-lo no que desejamos que seja não é atribuição de poucos, nem nos será entregue por obra de Deus, como foram nossas praias e montanhas.

O Rio de Janeiro que nós queremos será obra de nossa força, de nossa disposição e de nosso amor, não apenas pela cidade de concreto, asfalto, areia, pedra e mar, mas por nossos filhos, que começaram a herdá-la no dia em que nasceram.

Precisamos nos lembrar diariamente de eu vivemos no Rio de Janeiro, uma terra solidária e plural, vanguardista nas artes e nas ciências, que enfrenta as adversidades sem perder a disposição e, mais do que tudo, que acredita no futuro.

Estou certa de que a alegria permanente, o humor inabalável e a fé transformadora são o sinal da força de nossa gente, que fará do RIO de Janeiro um Estado exemplar, livre da miséria, das desigualdades e da violência, pelo simples fato de que assim nós queremos.