Edição 292
Tribunal do Júri na defesa da vida, da liberdade e da Justiça
29 de novembro de 2024
Tarcísio Bonfim Presidente da Conamp
A recente condenação dos acusados pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista, Anderson Gomes, evidencia o papel essencial do Tribunal do Júri como uma das mais significativas expressões de participação popular no sistema de Justiça brasileiro. Este julgamento não apenas reafirmou a soberania do júri, mas também se tornou marco na luta pela defesa da vida, pelo combate à violência e à impunidade.
O Tribunal do Júri, enquanto garantia prevista na Constituição Federal de 1988, confere a cidadãos comuns o poder de decidir sobre a responsabilidade criminal ou inocência dos acusados em crimes dolosos contra a vida. Essa estrutura reflete compromisso histórico do Estado brasileiro de envolver a sociedade na administração da Justiça, especialmente em casos de maior gravidade. O júri popular reforça a legitimidade das decisões judiciais, funcionando como espaço de exercício da cidadania e de fortalecimento da confiança nas instituições democráticas.
A garantia de receber julgamento por seus iguais também é defesa da liberdade, uma vez que, independentemente do resultado, o ciclo do crime se conclui. Com esse fechamento, a liberdade surge como consequência, seja para réus inocentes, que seguirão a vida longe da persecução do Estado, ou para os familiares da vítima, que estarão livres da angústia de ver criminosos impunes.
No caso Marielle Franco, o júri analisou de maneira autônoma as provas apresentadas e deliberou sobre a responsabilidade pelo crime, resultando na condenação dos réus a penas que, somadas, ultrapassam 80 anos. Essa decisão representa resposta clara ao clamor por justiça em um país que, historicamente, enfrenta desafios para responsabilizar os autores de crimes contra ativistas, políticos e defensores dos direitos humanos.
Outro ponto de grande destaque neste julgamento foi o papel do Ministério Público, que conduziu o caso com competência e estratégia. A atuação dos promotores foi fundamental ao manter o foco no contexto probatório, na barbaridade dos crimes julgados e na necessidade de preservar a memória das vítimas. Esse esforço reafirma o compromisso do Ministério Público com a imparcialidade, afastando interpretações que poderiam desviar o debate sobre todas as nuances que envolvem o caso, principalmente sobre sua gravidade.
O Tribunal do Júri reafirma a relevância que tem em cenário de crescente violência e desigualdade social no contexto brasileiro. A participação popular no julgamento de crimes dolosos contra a vida garante que as decisões sejam tomadas com a sensibilidade de quem vive o impacto dessas questões no cotidiano. É essa conexão com a sociedade que torna o júri ferramenta indispensável para o fortalecimento da justiça e para a proteção dos direitos fundamentais.
Ao responder de forma exemplar a um caso de tamanha repercussão, o sistema de Justiça reforça a confiança da população nas instituições. Este resultado demonstra que a justiça não apenas é possível, mas também essencial para a construção de um país mais seguro, onde a vida humana seja efetivamente protegida.
A luta contra a impunidade e a defesa da vida devem continuar como princípios fundamentais do sistema de Justiça brasileiro, assegurando que a democracia se fortaleça por meio da participação popular e da atuação independente das instituições. Que este caso sirva como exemplo e inspiração para que nenhum crime fique sem resposta e que a justiça prevaleça sempre.
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