Edição 67
Turismo: Segmento importante
28 de fevereiro de 2006
Oswaldo Trigueiros Jr. Presidente do Conselho de Turismo
Algumas notícias que têm sido veiculadas ultimamente, às vezes trazem análises importantes por parte da imprensa e público, mas notamos que alguns segmentos, não levam a sua voz como é o caso do Turismo para exigir das autoridades um envolvimento maior ou mesmo a correção imediata.
Falamos de recentes matérias sobre o estado das estradas federais e estaduais, que chegaram a um nível calamitoso pelo descaso das autoridades, mas não verificamos uma reação dos órgãos de Turismo estaduais e municipais e mesmo da Embratur em exigir do governo algo tão básico e tão importante para o nosso Turismo.
Somos um país continente, em que as distâncias entre várias regiões turísticas têm de necessariamente ser cobertas por via aérea. Algumas, no entanto, tem de ser atingidas por via terrestre em sua maior parte e outras via lacuste ou fluvial.
Como podemos aceitar que nossas estradas, no caso do Rio de Janeiro, para a Costa do Sol ou as estradas para a Costa Verde continuem no estado em que se encontram? E as estradas vicinais, as que saem das principais rodovias e chegam até os recantos mais pitorescos, seja no Estado do Rio, Minas, São Paulo ouEspírito Santo. Como faremos com o fluxo natural de ir e vir a estas cidades históricas, balneários, fazendas?
O Governo Federal anunciou recentemente a intenção de colocar 26,4 mil estradas no país em recuperação. Só o número assusta e bem sabemos que estas são ainda minimamente as que necessitam de imediata recuperação. E aquelas que estão na fila do transplante?
O ministro de Transporte, Alfredo Nascimento, ainda indica que será somente uma recuperação temporária e gastará cerca de R$ 10 bilhões, já adianta que a verba não é suficiente para que tenhamos um tráfego em uma obra definitiva.
Isto tudo quando estamos falando de tantos segmentos afetados e que logicamente se defendem arduamente com os normais aumentos de fretes, maiores custos que gerarão um custo ainda maior para o consumidor no final da linha.
Mas, e o Turismo? Como podemos fazer nosso transporte entre o Aeroporto do Galeão para Angra dos Reis ou Paraty? Como podemos levar os nossos grupos à Búzios ou a Cachoeiro de Itapemirim? Ou a Tiradentes, ou a São Lourenço? Somente para citar alguns. Como estão estas estradas? A segurança? O conforto? O tempo? O desgaste e o risco de acidentes? Tudo isso ocorrendo com uma indústria que pretende chegar a bilhões de dólares de receita, a milhões de usuários, que pretende buscar mercado nos países do cone sul e que se utilizam de nossas estradas para visitarem os nossos resorts e para gastarem seus dólares.
E o tráfego internacional de longo curso? Vemos hoje uma chance histórica no mundo para o Brasil conseguir um aumento do fluxo de turismo antes que os turistas se dirijam para os países do sudeste asiático. Por razões que todos sabemos, hoje, estes turistas procuram destinos como o Brasil, com clima similar e o tempo de vôo também. Como também notamos um grande afluxo de turistas da Escandinávia, países da antiga União Soviética, que inclusive esta semana estão às centenas lotando os nossos hotéis no Rio de Janeiro. Podemos aproveitar a situação nos EUA e a respectiva diminuição do seu turismo europeu, para que estes vejam o Brasil como uma alternativa. O próprio mercado americano busca o Brasil como destino, por sua diversidade cultural, étnica e social.
O Reveillon é uma prova disto. Mercado em seu potencial, navios, aviões desembarcando, milhões de dólares na Cidade do Rio de Janeiro para que estes turistas permaneçam mais dias no país.
Imaginem se tivéssemos estradas adequadas para as regiões de praia do estado. A Bahia é um exemplo de luta tenaz para que suas estradas, principalmente as que se dirigem à região litorânea sul, estejam em pleno movimento nesta temporada e por isso comemoram índices cada vez maiores de chegadas tanto em Salvador, Porto Seguro, Ilhéus (no caso de aeroportos maiores e internacionais) e esperam um fluxo de mais de dois milhões de visitantes nesta temporada, distribuídos em várias cidades e sendo transportados pelas estradas entre um local e outro, com natural intercâmbio de culturas e aumentando a permanência na região e no país.
Precisamos que todos os representantes do setor de Turismo se indignem com está ocorrendo com as nossas estradas por todo o Brasil e, principalmente, pelo Rio de Janeiro.