Edição 253
Um idealista quixotesco
3 de setembro de 2021
Roberto Rosas Membro do Conselho Editorial / Professor Titular da UnB
De longe via aquele senhor, baixo, magro, com idade, mas ágil, jovem. Conversava com os advogados, com os ministros, um dia um anúncio – Vai entregar o Troféu Dom Quixote a pessoas do mundo jurídico e da política, que mais ele tem? – e uma Revista – Justiça & Cidadania. Afinal, qual é a finalidade desse lépido e sacudido jovem? Apenas a divulgação de boas coisas, projetar pessoas, a exaltação de realizações. Não conversei com ele, mas o observava e o admirava. Apurei, não é advogado, melhor ainda, não tem proveito pessoal.
Num dia, estava em Salvador, Bahia, a presidir um painel num seminário da Justiça Federal. Entra uma funcionária e segreda-me – aquele senhor (ele mesmo, o de Brasília) quer entregar um troféu, numa imensa caixa, ao Desembargador Federal Carlos Fernando Mathias de Souza, ali presente. Alega não estar no programa. Pergunto: é proibido? É inconveniente? Não. Então vamos entregar, mas fiz um longo elogio aquele anônimo (ou pelo menos sem intimidade) com suas realizações – revista, troféu, divulgações. Fiquei amigo desse anônimo – Orpheu Salles. Vindo a Brasília, procurava-me, numa conversa agradável e bela, que aprisionava-me, a impedir a sua saída da conversa. Assim, passei a grande admirador e fã incondicional desse senhor jovial e produtivo – um idealista quixotesco.