Edição 253
Um idealista quixotesco
3 de setembro de 2021
Professor Titular da Universidade de Brasília
De longe via aquele senhor, baixo, magro, com idade, mas ágil, jovem. Conversava com os advogados, com os ministros, um dia um anúncio – Vai entregar o Troféu Dom Quixote a pessoas do mundo jurídico e da política, que mais ele tem? – e uma Revista – Justiça & Cidadania. Afinal, qual é a finalidade desse lépido e sacudido jovem? Apenas a divulgação de boas coisas, projetar pessoas, a exaltação de realizações. Não conversei com ele, mas o observava e o admirava. Apurei, não é advogado, melhor ainda, não tem proveito pessoal.
Num dia, estava em Salvador, Bahia, a presidir um painel num seminário da Justiça Federal. Entra uma funcionária e segreda-me – aquele senhor (ele mesmo, o de Brasília) quer entregar um troféu, numa imensa caixa, ao Desembargador Federal Carlos Fernando Mathias de Souza, ali presente. Alega não estar no programa. Pergunto: é proibido? É inconveniente? Não. Então vamos entregar, mas fiz um longo elogio aquele anônimo (ou pelo menos sem intimidade) com suas realizações – revista, troféu, divulgações. Fiquei amigo desse anônimo – Orpheu Salles. Vindo a Brasília, procurava-me, numa conversa agradável e bela, que aprisionava-me, a impedir a sua saída da conversa. Assim, passei a grande admirador e fã incondicional desse senhor jovial e produtivo – um idealista quixotesco.