Tecnologias humanas, o que é isso afinal?

26 de agosto de 2022

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Em um mundo no qual pós-verdades e deepfake coexistirão com verdades pessoais e sutis, se tornará essencial ter fluência energética. Somente os sentidos físicos não serão suficientes para navegar nesses futuros altamente imersivos, artificialmente inteligentes e interconectados por biosensores e multiversos.

Nas últimas duas décadas fomos invadidos pela tecnologia sintética, seus avanços e desenvolvimentos exponenciais em cada indústria, organizações, lares e vidas. Buscamos fazer o melhor uso pessoal e social para que nossas rotinas se tornassem menos mecânicas e mais humanas.

Com o acelerar da Era Digital, porém, o resultado direto dessas forças foi a desmaterialização e democratização de acessos, muitas janelas, muitos espaços de falas, muitos pontos de vistas, fizeram com que os repertórios de cada ser ganhasse um nível de pluralidade nunca vistos nas gerações anteriores, cujo conhecimento e informação passavam por um nível de padronização global, típico dos antigos paradigmas da revolução industrial 3.0.

Mas todos os avanços que as tecnologias sintéticas nos trouxeram foram só uma parte da curva de desenvolvimento. Costumo dizer em minhas falas que a quantidade de aplicativos que foram desenvolvidos na última década se equipara às possibilidades de ferramentas de autoconhecimento, terapias e autocuidados que apareceram no mesmo período.

Uso a frase como força de expressão, mas a verdade é que nunca buscamos tanto nos compreendermos, nunca buscamos tanto nossas melhores versões, nosso ineditismo. Se as máquinas estão em acelerado desenvolvimento, nós também estamos! 

É nesse pilar de novos humanos que nossas pesquisas destacam um termo que está cada vez mais sendo usado no meio de estudos futuros: tecnologias humanas.

A primeira vez que essa terminologia foi usada de forma massiva foi no documentário “O dilema das redes”, em que Tristan – o protagonista e ex-executivo do Google – promove uma cruzada para denunciar que os algoritmos são desenvolvidos com base em gatilhos mentais e emocionais, em uma disputa cada vez mais sofisticada pela atenção e intenção humana.

Ao sair do Google, ele funda o Center for Humane Technology (CHT), que se dedica a reimaginar radicalmente a infraestrutura digital. A missão deles é conduzir uma mudança abrangente em direção à tecnologia humana, ou seja, algoritmos e máquinas que que apoiem nosso bem-estar, democracia e ambiente de informação compartilhada.

Nessa linha de bem-estar e liberdades, acredito de verdade que se você não se conhecer, o algoritmo vai, e em um nível muito mais profundo que o usado hoje para nos vender mais produtos ou serviços. E tudo que te conhecer melhor do que você mesmo, tem o total poder de te conduzir, influenciar e manipular.

Se para a CHT a solução é a máquina ser construída em prol do desenvolvimento humano, mudando o foco do desenvolvimento de tecnologia, para que elas apoiem nosso bem-estar em futuros saudáveis, o que venho observando, com base no pilar humano que mapeamos no portal Voicers, é que para o humano, se autoconhecer, cuidar e curar é a melhor forma de promover bem-estar pessoal e social.

Consciência expandida é o contraponto mais seguro a qualquer inteligência artificial mal intencionada.

Em nosso entendimento, tecnologia humana é tudo o que o nosso ser é capaz de produzir com base nesse processo de expansão de consciência, pois é aqui que nos diferimos de animais e máquinas. 

Toda tecnologia avançada mimetiza (copia) as funções humanas, de um cérebro artificial à um braço robótico, tudo se baseia no paradigma humano e no que somos ou não capazes de fazer. Mas as máquinas só conseguem mimetizar o que é a feito pelo nosso corpo físico e humanos são seres “biopsicoenergéticos”, e as outras partes também produzem tecnologias humanas. É na parte psico-energética que nos diferimos com profundidade e potência das máquinas.

Abaixo um paralelo de desenvolvimento de tecnologias sintéticas e humanas:

Se levarmos em conta em nossos exercícios de futuros o desenvolvimento das duas tecnologias, teremos cenários mais saudáveis. Esse é um dos muitos exercícios de como o ecossistema jurídico potencialmente estará em futuros em que o humano está em desenvolvimento tanto quanto as máquinas:

Quanto mais praticamos autoconhecimento, já são inúmeras as ferramentas, mais profundamente nos reconectamos com os diferentes níveis de tecnologias que podemos produzir, é esse processo que nos torna mais e mais imunes aos processos de manipulações pessoais ou algorítmicas, nos permitindo ser mais autônomos, utilizando as ferramentas jurídicas mais como harmonização e alinhamento de diretos e deveres entre as partes, do que somente como ferramentas de garantia de diretos e deveres.

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