Repensar o Brasil

14 de julho de 2011

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(Artigo originalmente publicado na edição 92, 03/2008)
 
A chegada de Lula e do PT ao poder em 2002 ensejou reações, declarações e especulações, quase sempre na linha da catástrofe, em boa parte do meio empresarial.
 
Comum era ouvir naquele momento que o dólar iria disparar, simbolizando tudo de ruim que estava para ocorrer. Recordo, quando a relação cambial subiu de R$ 2,10 para R$ 2,60, de profecias acaloradas de que a relação cambial iria chegar a R$ 5,00.
 
Outra “verdade” dava conta de que o câmbio a menos de R$ 3,00 paralisaria a exportação, com fechamento de empresas, quebradeiras, déficits comerciais crescentes e outros efeitos perversos.
 
Falava-se, também, em calote do governo central, sugerindo o conforto das ações da Vale e da Petrobras ante o “iminente” calote financeiro. O caos era vendido como coisa certa.
 
Neste início de 2008, a relação cambial caiu pela primeira vez abaixo de R$ 1,70, e essa valorização do Real se deu no exato momento de uma crise financeira nos EUA. A ocorrência de crise financeira externa com valorização cambial interna também deve ter sido a primeira da história econômica do Brasil. Antes, dizia-se, “quando os EUA espirram, o Brasil tem uma pneumonia”.
 
Essas lembranças vieram à tona enquanto, como representante da CNC, assistia o ministro Guido Mantega, no Palácio do Planalto, apresentar o projeto de Reforma Tributária – não pelo projeto em si, que merece análise mais cuidadosa e profunda, mas pela sequência de números da economia brasileira que antecedeu a apresentação do projeto.
 
Divido alguns desses números com os prezados companheiros da CNC, destacando:
 
• Nossas reservas internacionais em fevereiro de 2003 eram próximas a US$ 40 bilhões; hoje, são de US$ 188,7 bilhões, e o Brasil nada deve ao FMI e a outros organismos internacionais de crédito, como devia em 2003;
 
• O PIB cresce há 23 trimestres consecutivos;
 
• O consumo interno cresce há 17 trimestres consecutivos;
 
• O investimento cresce há 15 semestres consecutivos;
 
• Entre 2004 e 2007 o PIB cresceu em média 4,5% e  se estima crescer 5% em média de 2008 a 2010;
 
• A indústria cresceu 6% em 2007, na média. 20 segmentos cresceram em 2007, sendo 6 deles acima de 10%, com destaque para “máquinas e equipamentos” e “veículos automotores”, que cresceram 17,7% e 15,2%, respectivamente.
 
• Apenas 6 segmentos apresentaram resultado negativo, pequenos;
 
• Enquanto o PIB cresceu 5,2% em 2007, a demanda interna cresceu 5,7%;
 
• Desde 2004, novos 1.500.000 empregos/ano são criados;
 
• A massa salarial, o rendimento médio do trabalhador e o número de pessoas ocupadas apresentam índices ótimos desde 2004;
 
• O volume do crédito bancário cresceu de 22,1% do PIB em dezembro de 2002, para 34,8% do PIB em janeiro de 2008 (R$ 944,2 bilhões);
 
• A inflação continua baixa e estável: 3,14% em 2006;
 
• 4,46% em 2007; com previsão de 4,39% em 2008;
 
• O Superávit Comercial foi de US$ 40 bilhões em 2007, o maior da história;
 
• O superávit primário do setor público consolidado (receita menos despesa) está em 3,98% do PIB;
 
• O déficit nominal foi de 2,27% em dezembro de 2007 (acumulado de 12 meses), e o governo atua rumo ao déficit nominal zero;
 
• A dívida líquida em relação ao PIB, em dezembro de 2007, estava em 42,8% do PIB e a meta é chegar em 2010 a 36%.
 
Os números são expressivos e mostram uma atuação governamental responsável, ao contrário do que muitos temiam em 2002.
 
Repensar o Brasil significaria olhar os números e orgulhar-se do País com olhar isento de ideologia, e não só torcer, mas igualmente atuar – independente de quem comanda o Poder Executivo – para que o Brasil – um país condenado ao sucesso –, alcance-o no mais curto espaço de tempo, consolide seu mercado interno – cujo corolário é a ampliação das atividades comerciais e de serviços – e reparta socialmente seus ganhos.
 

 
Luiz Gil Siuffo Pereira
Vice-Presidente Financeiro da CNC
Presidente da FECOMBUSTÍVEIS