Você está segura?

13 de junho de 2022

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Perguntando o que haveria de comum à violência em forma extrema de supressão da vida, de um lado; à ofensa com roupa de galanteio a provocar risos, de outro, respondemos em palavras que fazemos públicas.

Há no encontro entre os casos, qual interseção, uma cultura de diferença a menor que naturaliza o constrangimento explícito quando a destinatária é mulher.

Não se envergonham de invadir espaços, intimidade, privacidade ou corpos, de desrespeitar a mulher no seu ofício, a deixar evidente que nada as torna imunes, das medidas de proteção às togas.

Nenhum status ou posição social poderá salvar. Comportar-se na mulheridade esperada pelo patriarcado também não protege, ainda que ao sacrifício de desejos internos, mesmo seguindo padrões já desenhados. Mulheres não estão a salvo no sistema que aniquila suas vivências e potencialidades.

Mulheres são corpos e existências públicas, sobre as quais é autorizado o abuso que silencia e traumatiza enquanto crianças e adolescentes, o galanteio inconveniente que deveria envergonhar, mas faz rir iguais.

Mulheres são menos pessoas porque diferenciadas para ser menos e por isso podem desaparecer sob impunidade.

Cada silenciamento, ofensa, abuso, constrangimento ou violência serve de alerta, como um aviso sonoro e estridente que as invade, um alarme que algumas mulheres escutam: este não é o seu lugar.

Nomeamos a interseção que encontra da violência ao constrangimento de patriarcado e machismo, porque se fundem e produzem resultado comum lançado ao mundo em cultura de diferença a menor, a gerar efeitos em diversas ordens, do silenciamento ao abuso, do escárnio à violência, do constrangimento à supressão da vida.

Perguntamos para nós, compartilhamos possibilidade de resposta para todas.

A pergunta nos gera incômodo e a resposta desconforto, mas entender que não estamos em segurança é necessário para construir caminhos e novos desfechos.