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Desembargadores repudiam a CPI do Judiciário

5 de maio de 1999

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(Entrevista da Redação com o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Humberto Manes)

O Presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, desembargador Humberto Manes, classificou a proposta de criação da CPI do Judiciário, como ilegal e arbitrária.

“É uma crise de histeria”, disse o desembargador, através de uma videoconferência, no encerramento da Semana de Mobilização e Justiça, promovida pela Associação dos Magistrados Brasileiros, em Brasília.

O desembargador Manes defendeu a reforma do Judiciário pela Câmara e garantiu que a CPI do Judiciário só interessa a grupos que desejam o fechamento do regime com a implantação de uma ditadura. Ele lembrou que os 25 desembargadores que compõem o Órgão Especial do TJ repudiam a CPI.

“Não adianta tentar implantá-la e estou certo de que os senadores que insistem na CPI do Judiciário vão dar primazia às CPIs das Ilhas Cayman, do sistema financeiro, das empreiteiras e outras. Quando um banco privado quebra, o dinheiro público é usado para salvar o banqueiro falido. Mas quando se fala em CPI nesses casos, algumas autoridades dizem que isso arriscaria a estabilidade do regime e a imagem do país no exterior. Mas quando se quer atirar a opinião pública contra o Judiciário, esse argumento não é utilizado. Essa CPI foi proposta para desviar a atenção da população dos verdadeiros problemas nacionais. E é bom lembrar que esses senadores que pediram a CPI nunca pediram CPIs no tempo da ditadura para apurar arbitrariedades”, alertou o presidente do TJERJ.