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Medalha de ouro para os transportes nos Jogos Olímpicos Rio 2016

6 de dezembro de 2016

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Durante os Jogos Olímpicos 2016, realizados no Rio de Janeiro no período de 5 a 21 de agosto, as imprensas do Brasil e do exterior concordaram com um fato: o sistema de transporte público conquistou o lugar mais alto do pódio. Paula Leopoldino, gerente de Mobilidade do Rio Ônibus, concorda com a opinião da mídia. “A revitalização é um ganho para a cidade, mas o transporte público, que afeta a vida das pessoas e está mais espalhado, merece todos os elogios. A integração entre os modais, formando esta rede de transporte de alta capacidade é o grande legado dos Jogos”, declara.

Um balanço elaborado pelo Rio Ônibus corrobora, com números positivos, o que a imprensa repercutiu. De acordo com a entidade, de 5 a 21 de agosto, o sistema de ônibus (BRT e convencional) transportou 53 milhões de usuários, uma média de 3,2 milhões por dia, incluindo o público dos Jogos e da cidade do Rio de Janeiro em geral. Se for somado o movimento das Paralimpíadas, chega-se a 95 milhões de viagens feitas no total durante o maior evento esportivo mundial.

O BRT (Bus Rapid Transit) foi um dos destaques: mais de 11,7 milhões de passageiros se deslocaram pelos corredores Transoeste, Transcarioca e pelos recém-inaugurados serviços da Transolímpica e do trecho Lote Zero, entre o terminal Alvorada e a estação Jardim Oceânico. Para dar um parâmetro de comparação, o número é superior à população de Portugal, com 10,3 milhões de habitantes.

O recorde de público no BRT foi registrado no dia 12 de agosto, quando 855 mil pessoas utilizaram o sistema. Depois do dia 12, os dias de maior movimento foram 11 (831 mil passageiros), 9 (820 mil passageiros), 10 (812 mil passageiros) e 8 (809 mil passageiros).

Os serviços especiais para os espectadores e para a força de trabalho olímpica também foram fundamentais. Cerca de 2,2 milhões de pessoas circularam pelos corredores exclusivos que fizeram os itinerários Jardim Oceânico X Parque Olímpico, Jardim Oceânico x Golfe e BRT Transolímpico, que liga o Recreio a Deodoro.

Outro diferencial implantado especialmente para os Jogos Olímpicos 2016 foi o RioCard Jogos 2016, cartão multimodal, de uso diário, que permitiu integrações no sistema de transporte público como:s ônibus municipais, BRT, trens, metrô e VLT.Foram vendidasmais de 800 mil unidades e realizadas mais de 4 milhões de viagens integradas no período mencionado.

Os dados da integração BRT x metrô e BRT x trem, no mesmo período, também impressionam. Foram, aproximadamente, 1,4 milhão de operações desse tipo entre BRT x metrô. No que se refere à integração BRT x trem, foram realizadas mais de 397 mil operações. Finalmente, o levantamento mostra que 15,6% dos passageiros transportados do BRT fizeram integração com metrô e trem no período.

Citado por muitos meios de comunicação como um dos meios de transporte mais elogiados, o BRT deve sua fama não apenas ao fato de ser o principal meio para chegar ao Parque Olímpico. Paula Leopoldino comenta que o modal funcionou muito bem, conseguiu levar tranquilamente o público para os eventos. “Além disso, à noite, quando o metrô fechava, o BRT levava as pessoas até a Zona Sul e o Centro.”

Fazer tudo funcionar em sintonia demandou, é claro, um alinhamento entre diferentes atores. A gerente do Rio Ônibus explica que todo o planejamento da cidade foi voltado aos Jogos e que tanto o poder público quanto o setor privado estavam trabalhando juntos para alcançar esta meta. “Estávamos alinhados pelo mesmo planejamento estratégico. Nas linhas convencionais de ônibus, por exemplo, passamos por um processo de racionalização, neste caso, não necessariamente voltado às Olimpíadas. De todo modo, fizemos um trabalho grande de alteração de itinerários por causa das medidas de segurança, que interditaram diversas ruas no entorno das instalações olímpicas. Levamos alguns meses para fazer um levantamento das interdições, estudar as mudanças de itinerários e orientar as empresas. Ao todo 265 linhas foram alteradas”, comenta Paula.

Pesquisa de opinião

Para medir a operação planejada pelo Rio Ônibus, a Federação das Empresas de Transporte do Rio de Janeiro (Fetranspor) encomendou também uma pesquisa de opinião, feita pela empresa Insider, e composta por 600 entrevistas, realizadas entre 6 e 21 de agosto, com passageiros de BRT.  Em uma escala de 0 a 10, a avaliação geral (média) ficou com nota 8,03. O quesito “Acesso ao transporte” obteve a nota mais alta, com 9,06 de média. A “Segurança” registrou a segunda melhor média, com 8,94. Em seguida, vêm “Tempo de viagem”, com 8,90; “Atendimento ao cliente”, com 8,85; “Conforto térmico”, com 8,78;“Limpeza”, com 8,63 “Tempo de espera pelas composições”, com 8,09; e “Informação ao cliente”, com 7,75.

Também as redes sociais apresentam retorno positivo. A Rio Ônibus publicou  121 posts durante as Olimpíadas, com destaque para o serviço aos passageiros (mudança de linhas, interdições viárias).  No Facebook, o alcance foi de 850 mil pessoas, e no Twitter, 474 mil pessoas.

A pesquisa da Insider comprova a opinião da mídia, que, na maioria dos casos, se mostrou positiva em relação aos transportes públicos durante os jogos. Para o jornal norte-americano The Washington Post, “a cidade anfitriã poderia reivindicar algumas vitórias. Muitos elogiaram a nova linha de metrô, os corredores de BRT, que uniram espectadores de locais a quilômetros de distância, e a área do porto que foi revitalizada, ancorada pelo novo Museu do Amanhã”.

Para a BBC News, de Londres, os transportes irão, sem dúvida, se tornar o maior legado deixado pelos Jogos Olímpicos no Rio, perdendo apenas para o turismo. O jornal britânico destaca que o Rio é uma cidade que oferece alguns desafios para quem transita por ela. Isso porque, a zona oeste, onde a maioria das instalações olímpicas estava localizada, é separada das zonas sul e norte por longas distâncias e os típicos morros da paisagem carioca, muitos deles abrigando comunidades. O diário reporta, ainda, a gama de novas opções de transporte construídos para os Jogos, destacando os ganhos no tempo de viagem entre os bairros mais afastados entre si, e a integração entre as zonas mais populosas, como o centro e demais regiões, por meio do sistema BRT e da nova linha do metrô.

O carioca Jornal do Brasil também publicou matéria (em 21 de agosto) com o título: “Transporte público será um dos legados dos Jogos Olímpicos no Rio”. A reportagem destaca o sucesso do cartão RioCard Jogos Rio 2016, que chegou a registrar, diariamente, um milhão de acessos no metrô e 700 mil passageiros no sistema BRT. A herança que fica, de acordo com o diário, é que o poder público estuda caminhos para manter o modelo mesmo depois dos Jogos Paralímpicos, que terminaram em 18 de setembro.

Se as propostas forem efetivadas, o dia a dia do centro da capital poderá se transformar, passando a receber mais visitantes para conhecer as novas atrações agregadas pela revitalização. “O Rio mudou muito, especialmente com as obras do Porto e do Boulevard Olímpico. O Centro agora está atraindo bastante gente”, comenta Paula Leopoldino. E se a cidade está cada vez mais maravilhosa, que o sistema de transportes públicos ajude todos a desfrutar de suas belezas. Os cariocas – e turistas – agradecem.