Edição

ÁGUA… UM BEM AMEAÇADO

5 de janeiro de 2004

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Água, um dos bens importantes criados na natureza por DEUS, com a qual o Brasil foi abençoado com 20% da porção do mundo, corre grande risco, tanto pelo desperdício, como pela cupidez que desperta ameaçadoramente.

Para rememorar, temos igualmente como a água, outro bem que a natureza dotou o Brasil com extraordinária exuberância, as matas e florestas, que já vem sofrendo desde tempos imemoráveis verdadeira devastação em todos os rincões da Nação, o que tem nos valido a pecha de predadores da humanidade, propiciando com razão o descrédito pelo alheamento na preservação desse bem, com a cobiça e discussão já muito falada, da tentativa de internacionalização da Amazônia.

O lúcido artigo do ilustre e estudioso Dr. Antônio Ermírio de Moraes, sempre atento e preocupado com assuntos de interesse nacional, que temos a satisfação de publicar no frontal deste editorial, demonstra didaticamente a correlação entre a produção de grãos e consumo exigível de água, o que nos deixa economicamente em situação altamente vantajosa com os países de grande densidade populacional, como Japão, China, Índia, Paquistão e paises da Europa, que por deficiência de água, são grandes consumidores e compradores dos nossos produtos agrícolas, face a nossa vantagem comparativa, de sermos possuidores em abundância do binômio água-terra.

As homenagens que prestamos nesta edição, enriquecendo a capa da Revista, com a foto da estimada, operosa e competente Ministra MARINA SILVA, se justifica pela luta, trabalho, esforços e providências que a denodada defensora do meio ambiente tem dedicado na tentativa de conscientizar todos os setores da sociedade, para os problemas que afetam o meio ambiente, com a destruição de bens da natureza, alguns dos quais já em extinção e quase impossíveis de recuperar, e outros cujo desperdício e poluição põem em risco o futuro do abastecimento de água.

O Brasil tem obrigação moral e patriótica de defender a qualquer custo e em todas as circunstâncias e meios, as riquezas com que foi aquinhoado, seja pelo incentivo e motivação da sociedade, seja pela participação efetiva do Poder Público, sob pena de, subjetivamente se pensar em crime de lesa-pátria.

A participação do Poder Legislativo nas discussões e conferências, como o “Encontro das Águas”, com a participação efetiva, entusiasmada, mas com muita preocupação dos presentes, demonstra estar o I Congresso Nacional vivamente atento com este importante problema.

O pronunciamento do Senador Aloísio Mercadante, na ocasião Deputado Federal, reconhecendo que “o país pela generosidade de natureza nunca tratou a questão da água com a importância que ela teria e tem para qualquer nação, para qualquer sociedade…A disputa da água já está presente nas grandes cidades, em algumas regiões do País, sem falar no restante do planeta, onde dezenas de países já convivem com essa situação de absoluta precariedade. Fizemos também um grande esforço para estabelecer condições de financiamento para um programa de gestão das bacias hidrográficas, para assegurar a representação da sociedade civil na Agência de Água, enfim, para construir mecanismos mais eficazes de administrar, numa perspectiva de interesse público e da água como bem comum, a preservação de recursos tão decisivos para a da qualidade da vida e para a própria vida.”

Também importante, apropriado, formal e positivo, o pronunciamento do Ministro Jaques Wagner (na ocasião Deputado Federal): “precisamos inverter o conceito que existe no Brasil. Para nós, o bem comum, o patrimônio Público é como se não fosse de ninguém. Ou nos convencemos que o bem comum, o patrimônio é de todos, ou, seguramente, não haverá espaço para continuar vivendo no planeta. Quando jogamos um papel na rua, sujamos um rio ou desperdiçamos água, crendo que aquilo é de ninguém, é bom lembrarmos que é de todos, incluindo cada um de nós que, às vezes, comete o equivoco de imaginar ser de ninguém.

“Lembro-me de uma passagem, da visita de um engenheiro do Estado de Israel, que como muitos países do Oriente Médio, vive em profunda dificuldade de acesso à água. Fiz, com esse engenheiro, uma viagem de carro do Rio de Janeiro até a cidade serrana de Teresópolis, cuja estrada é entrecortada por quedas d’água, pequenas quedas d’água. Vi aquele cidadão chorando enquanto olhava a água correndo com tanta naturalidade. Espero que nós brasileiros, abraçados ao resto do mundo, sejamos inteligentes o suficiente para não precisarmos chorar ao ver o verde ou a água correndo a nossa frente.”