“Vamos soprar a brasa”

2 de junho de 2019

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A fé, o amor e o patriotismo, para continuarem vivos e atuantes, têm e devem ser cuidados como a brasa, que mais se acende e ilumina quanto mais se sopra. (…) O ditado ‘soprar a brasa’ vem muito a propósito do que ocorre atualmente no País, no tocante aos sentimentos de grandes esperanças depositadas no novo Presidente”. Foi assim que meu pai, o saudoso Orpheu Salles, fundador da Revista Justiça & Cidadania, iniciou seu editorial na edição publicada em fevereiro de 2003, logo após a posse de novo Presidência da República.

Ao voltar a ler o texto, percebi que o mesmo se aplica perfeitamente ao momento atual do Brasil com a simples troca do nome dos presidentes. Afinal, como disse à época Orpheu, novamente “os fatos estão a demonstrar – no interesse da nação – a necessidade da tomada de posição, de medidas e providências pelos responsáveis e formadores de opinião, em geral, para que as esperanças da população, expressada de forma inequívoca por mais de 50 milhões de votos, não venha se converter em outra nova e derradeira frustração do povo”.

 Diante dos últimos acontecimentos na política nacional, independentemente dos credos, das ideologias e dos que depositamos nas urnas no ano passado, precisamos dar a oportunidade aos eleitos para governar e legislar, com respeito à democracia, a Justiça e à Constituição. O que está em jogo não apenas promessas, esperanças ou convicções, mas o futuro da nação. E afinal, como estamos todos juntos no mesmo barco, não faz sentido torcer para que o timoneiro perca a direção e jogue a embarcação contra os rochedos.

 Poucas pessoas souberam descrever tão bem a ideia de humanidade partilhada quanto o poeta inglês John Donne, que na entrada do Século XVII escreveu: “Nenhum homem é uma ilha, inteiramente isolado. Todo homem é o pedaço de um continente, parte de um todo. Se um torrão de terra for levado pelas águas até o mar, toda a Europa fica diminuída.(…) Por isso, não pergunte por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”.

 Vamos acreditar, “soprar a brasa da esperança” e fazer a nossa parte para que o Brasil dê certo.

Leia nesta edição – A reportagem de capa na edição de junho destaca a entrevista concedida em Brasília pelo Advogado-Geral da União, André Mendonça, que falou sobre as dificuldades iniciais do novo governo e os desafios que se anunciam no horizonte político do País. Com um chamado à razão sobre a realidade do momento de transição política, o AGU lembra a todos que “não se pode construir uma casa sólida sem boas fundações”, e que “o Brasil viveu gestões de corrosão de suas bases, que precisam ser refeitas”.

Outro ponto alto da edição é o registro dos melhores momentos da palestra do Ministro Luiz Fux no Colóquio Luso-Brasileiro de Direito Ambiental, realizado em Lisboa, onde o Vice-Presidente do STF enfatizou que a proteção do meio ambiente “não é incompatível” com o desenvolvimento econômico sustentável. Destaque também para a brilhante participação do Relator-Geral da última Assembleia Nacional Constituinte, Bernardo Cabral, nosso querido chanceler da Confraria Dom Quixote, que em colóquio no Rio de Janeiro, com participação de juristas franceses, promoveu trocas de olhares entre a Constituição Cidadã de 1988 e a Constituição Gaullista de 1958.

Confira ainda como foi a homenagem do IAB ao Ministro do STJ Sebastião Reis, a cobertura do 3º Fórum Nacional de Concorrência e Regulação promovido pela Ajufe, e a reportagem sobre o desenvolvimento do Renajud 3.0 pelo CNJ. Para completar, fique com os artigos dos colaboradores da Revista, que aprofundam temas importantes e atuais como a judicialização da Previdência, a tributação da economia digital, a liberdade de imprensa e muito mais.

Boa leitura!