Cuidemos nós da Amazônia

8 de setembro de 2019

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Vários eventos colocaram o Brasil nas manchetes da imprensa internacional durante a última década: a derrota de 7 a 1 para a Alemanha na Copa de 2014, a epidemia do zika vírus, a ecológica abertura dos Jogos Olímpicos de 2016, as tragédias de Mariana e Brumadinho, o assassinato da Vereadora Marielle Franco e o incêndio do Museu Nacional estão entre os exemplos mais eloquentes. A comoção da sociedade global provocada pela forte onda de queimadas no último mês de agosto, porém, não têm precedentes.

Praticamente todos os jornais e telejornais relevantes do ocidente destacaram notícias relacionadas ao incêndio da maior floresta do mundo, reverberando a preocupação de cientistas, políticos, chefes de estado, juristas e celebridades. Os temores internacionais em relação à Amazônia se justificam, pois, afinal, o ecossistema não respeita as fronteiras traçadas pelos homens. Cada árvore que tomba ao som da motosserra ou ao crepitar do fogo – seja no alto Rio Negro ou nos confins da Indonésia – compromete um pouco mais o suprimento de recursos naturais para as gerações presentes e futuras.

É importante ressaltar, contudo, que cabe ao Brasil e somente ao Brasil a responsabilidade pela preservação e exploração sustentável do (ainda) imenso patrimônio natural amazônico, uma questão de responsabilidade com nossa história e soberania.

Conta a lenda que em abril de 1821, pouco antes de embarcar em seu apressado retorno à Portugal, o Rei D. João VI teria advertido seu filho mais ou menos nesses termos: “Pedro, faça a independência antes que alguém mais o faça”. Uma lição que deve ser relembrada e assimilada no momento que atualmente vivemos. Cuidemos nós brasileiros da Amazônia antes que algum aventureiro se considere no direito de fazê-lo.

O risco não está apenas nas queimadas ou em uma eventual intervenção estrangeira. A destruição pode ser muito maior. Sem a devida fiscalização e políticas públicas de Estado, madeireiros, garimpeiros e latifundiários gananciosos, muitas vezes movidos por interesses externos, sentem-se cada vez mais à vontade para destruir ou se apossar das plantas, animais, povos da floresta, riquezas minerais e toda a biodiversidade.

Por isso o Brasil precisa reagir, por meio dos seus governantes, magistrados, cientistas, veículos de comunicação, organizações da sociedade civil organizada e todos aqueles que defendem o desenvolvimento sustentável de matriz nacional. Considerar que a preservação se opõem ao progresso é uma visão arcaica e extremamente limitada. Enormes reservas extrativistas em pleno coração da floresta demonstram, todos os dias, que é perfeitamente possível conciliar a mata em pé com o bem estar daqueles que nela vivem e/ou que a exploram economicamente. Basta ter olhos para ver.     

Neste sentido, façamos todos nossa parte para barrar o desmatamento, restabelecer as linhas de crédito internacionais para a preservação dos biomas brasileiros, estimular projetos de manejo florestal sustentável e fortalecer os órgãos de controle e licenciamento. Precisamos também ir fundo na investigação das causas para apontar como evitar a destruição da natureza e da humanidade que ainda resta em nós.