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As relações perigosas: Brasil-Estados Unidos

31 de dezembro de 2010

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O livro As relações perigosas: Brasil-Estados Unidos[1], do historiador e professor Moniz Bandeira, cuja capa publicamos, constitui uma obra de profundidade sobre fatos e acontecimentos perfeitamente identificados, havidos no relacionamento entre os dois países, no período de 1990 a 2004, os quais ficaram afastados do conhecimento público e que, agora, através das pesquisas e trabalho desse eminente escritor, vêm a lume, oferecendo “ao leitor inteligente um roteiro tão completo e abrangente quanto possível do complexo das relações internacionais do Brasil, trazendo a narrativa praticamente até os dias de hoje”.

Vale reproduzir, com o fito de despertar o interesse do leitor interessado nas questões Brasil-EUA, parte do prefácio do livro do embaixador em Washington (1991-1993) e ministro da Fazenda (1993-1994), atualmente Secretário-Geral da United Nations Conference on Trade and Development (UNCTAD), Rubens Ricupero, como fazemos a seguir:

(…) “Ninguém se enganará quanto ao propósito do autor, personalidade conhecida e respeitada pelo engajamento nas lutas sociais do Brasil de seu tempo. Homem que jamais separou a vida intelectual da Vida com maiúscula, Moniz Bandeira tem vivido suas ideias com coerência e coragem, sendo um dos nossos conterrâneos que pagou de sua própria pessoa, como se diria em Francês, o preço de convicções que lhe valeram anos de prisões e perseguições. Nessa linha de coerência, o homem-autor não foge jamais da necessidade de definir-se diante dos fatos que descreve, não se furtando a exercer o julgamento crítico sobre pessoas e circunstâncias, nem ocultando opiniões afirmativas e nítidas. Faz isso, contudo, sem escamotear o contexto que lhe sustenta a avaliação, fornecendo ao leitor todos os elementos indispensáveis para, se quiser, formular uma apreciação divergente.

A personalidade intelectual de Moniz Bandeira harmoniza a vocação da pesquisa e do ensino universitário com a paixão do cronista pelos fatos palpitantes do cotidiano. Uma não precisa necessariamente exercer-se em detrimento da outra. Esse é o caso sempre que a narrativa e os juízos de valor são acompanhados, como em As relações perigosas, pelo aparato rigoroso de erudição e verificação exigido pela disciplina universitária. Assim, o livro é enriquecido por bibliografia extensa e pertinente, os relatos são amplamente documentados em notas minuciosas e frequentes, assim como a estrutura da obra encontra apoio em farta diversidade de fontes, primárias muitas vezes, sob forma de documentos, mas complementadas, quando o acesso aos papéis oficiais não é ainda possível, por jornais, revistas, estudos de toda ordem, inclusive entrevistas de história oral.

Vê-se que é livro pacientemente construído com esforço e perseverança, resultado de um escrupuloso interesse analítico que procura não esquecer áreas relevantes à compreensão. É essa, em minha opinião, uma das riquezas principais que nos oferece esta obra: uma reconstituição pormenorizada e viva da história que nós mesmos vivemos e já em boa parte esquecemos, conforme constatarão com surpresa igual à minha os leitores que se debruçarem com prazer e proveito sobre esse complexo mundo que se faz e desfaz ao nosso redor. Nem sempre se concordará com a visão dos acontecimentos e pessoas que anima estas páginas, mas estou seguro de que elas preencherão plenamente o papel de instigar e provocar a reflexão e a análise acerca de eventos e tendências dos quais hão de depender, nos anos a vir, o destino do Brasil e o nosso.”


[1] O livro é editado pela Civilização Brasileira.